EDIÇÃO 99| SETEMBRO DE 2021
Após paralisação de trabalhadores da empresa Geo Brasil pela demissão de delegado sindical e por melhores condições de trabalho, trabalhadores da ENGEMASA cruzaram os braços pelos mesmos motivos. Diferente daquela empresa, que negociou com os trabalhadores com meio dia de paralisação, a ENGEMASA insiste na truculência e na falta de diálogo com o trabalhador.
Situações impensáveis hoje para um caesbiano são a rotina de um trabalhador terceirizado. Diversas denúncias chegaram ao conhecimento da direção do Sindágua-DF durante reuniões com categorias de sete empresas terceirizadas da Caesb.
Casos como falta de acesso ao banco de horas e “sumiço” de horas extras, falta de comprovante de ponto, EPI de péssima qualidade ou mesmo a falta deste, assédio moral e cobranças abusivas de equipamentos e ferramentas Danificados ou desgastados são comuns. Como exemplo, uma retroescavadeira teve o para-brisas danificado durante a execução de uma ordem de serviço e o trabalhador, que não ganha sequer mil e quinhentos reais de salário, iria arcar com oito mil reais impostos pela empresa, não fossem colegas encontrarem a peça por novecentos reais na internet.
Outro fato recorrente é o não pagamento da insalubridade a trabalhadores que tém contato com esgoto ou produtos químicos. Houve relatos de trabalhadores em atividades noturnas sem alojamentos e outros que não puderam entrar na empresa ao retornarem de um serviço antes das seis horas, ou ainda outros que precisaram usar cabines ou banheiros como guarita de descanso à noite.
O desrespeito à intrajornada também é prática de algumas empresas
A desumanidade chega a tal extremo que trabalhadores terceirizados, por vezes, deixam de cuidar da saúde por medo de serem demitidos após um atestado médico, isso quando conseguem atendimento hospitalar. E quando um problema de saúde é agravado pela falta de tratamento adequado, o empregado é descartado. Esse tratamento foi ainda mais cruel durante a pandemia para trabalhadores com comorbidades e idades mais avançadas, pois tiveram que escolher entre o risco da morte e a certeza do desemprego.
É esse o cotidiano de trabalhadores que recebem entre R$ 1.100,00 e R$ 1.800,00 em média, com um programa de alimentação entre R$ 280,00 e R$ 490,00, em um ambiente de constantes ameaças e assédios, sem amparo jurídico e sindical até então.
Os ataques dos governos federal e do GDF causaram uma profunda reorganização das relações de trabalho, precarizando e superexplorando os trabalhadores a serviço dos interesses e dos lucros dos patrões. Essa é a realidade que grita em nossa porta enquanto trabalhadores do saneamento público do Distrito Federal!
As lutas das trabalhadoras e dos trabalhadores do saneamento em defesa de um serviço público e de qualidade colocaram a Caesb como uma das melhores empresas do País no ramo.
Agora, essa realidade está sendo gravemente ameaçada com o avanço de uma terceirização impiedosa com o trabalhador e com a qualidade do trabalho, ameaçando emprego e vida tanto de trabalhadores terceirizados quanto concursados, bem como da Manutenção de uma Caesb Pública e de qualidade, pois este mapa leva ao mesmo destino recente da CEB.
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